Tesouro Direto: O Guia Completo para Iniciantes (Selic, IPCA+ e Prefixado)
Se você está começando a investir, é provável que já tenha ouvido falar do Tesouro Direto. Ele é a porta de entrada mais popular e segura para o mundo dos investimentos, muito mais rentável que a poupança.
Mas com tantas siglas como Selic, IPCA+ e Prefixado, pode parecer complicado. Não é.
Este guia completo vai desmistificar o Tesouro Direto, mostrar para que serve cada título e como você pode começar a investir hoje mesmo.
O que é Tesouro Direto?
O Tesouro Direto é um programa do Tesouro Nacional (em parceria com a B3, a bolsa brasileira) criado para permitir que pessoas físicas comprem títulos públicos federais pela internet.
Em termos simples: você está emprestando seu dinheiro para o Governo Federal em troca de receber esse dinheiro de volta no futuro, corrigido por juros.
Tesouro Direto é Seguro? (Mais que a Poupança?)
Sim. O Tesouro Direto é considerado o investimento mais seguro do Brasil.
Muitos se perguntam sobre a poupança, que é protegida pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito) para valores de até R$ 250 mil. Acontece que o Tesouro Direto é 100% garantido pelo próprio Tesouro Nacional.
Pense assim: o FGC é um “seguro” pago pelos bancos. O Tesouro Direto é garantido pelo “dono do jogo”, o próprio Governo, que tem o poder de emitir moeda. Por isso, o risco de crédito do Tesouro é zero (é o chamado “risco soberano”).
Os 3 Tipos de Títulos do Tesouro Direto
Todo o “segredo” do Tesouro Direto está em entender que existem três tipos de rentabilidade, cada um para um objetivo diferente.
1. Tesouro Selic (LFT)
- Como Rende: Pós-fixado. Rende 100% da Taxa Selic (a taxa básica de juros da economia). Se a Selic sobe, ele rende mais; se a Selic cai, ele rende menos.
- Para quem serve: É o título ideal para sua Reserva de Emergência.
- Por quê? É o único título que não sofre com a “marcação a mercado”. Não importa o que aconteça na economia, ele sempre rende um pouquinho positivo todo dia. Você nunca perde dinheiro ao resgatar antes do vencimento.
- Liquidez: D+1 (você pede o resgate hoje, o dinheiro cai na conta no próximo dia útil).
2. Tesouro IPCA+ (NTN-B Principal)
- Como Rende: Híbrido. Ele paga a Inflação (IPCA) + uma taxa de juros fixa (ex: IPCA + 5,5% ao ano).
- Para quem serve: É o título perfeito para objetivos de longo prazo, como aposentadoria ou comprar um imóvel daqui a 10, 20 ou 30 anos.
- Por quê? Ele é o único que garante um ganho real (acima da inflação). Você tem a certeza de que seu poder de compra estará protegido, não importa quanto a inflação suba.
- Atenção: Se você vender antes do vencimento, ele sofre “marcação a mercado”. Ou seja, você pode ter prejuízo se as taxas de juros do dia estiverem piores do que as que você contratou.
3. Tesouro Prefixado (LTN)
- Como Rende: Prefixado. Você sabe exatamente quanto vai receber no vencimento (ex: 11% ao ano).
- Para quem serve: Para objetivos de médio prazo (2, 3, 5 anos) e para investidores que acreditam que a taxa Selic vai cair no futuro (travando assim uma taxa alta).
- Por quê? Oferece previsibilidade total. Você sabe na hora da compra o valor exato do seu resgate no vencimento.
- Atenção: É o que mais sofre com a “marcação a mercado”. Se você resgatar antes e os juros do país tiverem subido, você provavelmente terá prejuízo.
Tabela Comparativa: Qual Tesouro Escolher?
| Característica | Tesouro Selic | Tesouro IPCA+ (Híbrido) | Tesouro Prefixado |
|---|---|---|---|
| Rentabilidade | 100% da Taxa Selic | Inflação (IPCA) + Taxa Fixa | Taxa Fixa (ex: 11% a.a.) |
| Indicado para | Reserva de Emergência | Aposentadoria (Longo Prazo) | Objetivos de Médio Prazo |
| Risco (Marcação) | Quase Zero. Sempre rende positivo. | Alto (se vender antes) | Alto (se vender antes) |
| Liquidez | D+1 | D+1 | D+1 |
Como Investir no Tesouro Direto (Passo a Passo)
- Abra Conta em uma Corretora: Você não compra direto do Tesouro. Você precisa de uma corretora (como XP, Rico, NuInvest, Inter, etc.) para ser a intermediária.
- Transfira o Dinheiro: Faça um Pix ou TED da sua conta bancária para a sua conta na corretora.
- Escolha o Título: Na plataforma da corretora, vá até “Renda Fixa” > “Tesouro Direto”.
- Selecione o Título: Escolha o título que se alinha ao seu objetivo (ex: “Tesouro Selic 2029” para sua reserva).
- Invista: Digite o valor (o investimento mínimo é de cerca de R$ 30) e confirme a operação.
Custos e Impostos do Tesouro Direto
Existem dois custos principais:
-
Taxa da B3 (Taxa de Custódia):
- É uma taxa de 0,20% ao ano sobre o valor total investido, cobrada semestralmente.
- GRANDE VANTAGEM: Investimentos no Tesouro Selic são isentos desta taxa até o limite de R$ 10.000. Mais um motivo para ele ser ideal para a reserva inicial.
-
Imposto de Renda (IR):
- É cobrado apenas sobre o lucro e segue a mesma tabela regressiva dos CDBs:
- Até 180 dias: 22,5%
- 181 a 360 dias: 20,0%
- 361 a 720 dias: 17,5%
- Acima de 720 dias: 15,0%
FAQ: Dúvidas Comuns sobre Tesouro Direto
Tesouro Direto é mais seguro que a poupança?
Sim. A poupança é garantida pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito) até R$ 250 mil. O Tesouro Direto é 100% garantido pelo Tesouro Nacional, ou seja, pelo próprio Governo Federal. É considerado o investimento de menor risco (risco soberano) do país.
Posso resgatar o Tesouro Direto antes do vencimento?
Sim, todos os títulos têm liquidez diária. No entanto, o Tesouro Selic é o único que não sofre com a ‘marcação a mercado’, garantindo que você não perca dinheiro. Já o Tesouro IPCA+ e o Prefixado podem valer menos se resgatados antes do vencimento, dependendo das taxas de juros do dia.
Qual a diferença entre Tesouro Direto e CDB?
No Tesouro Direto, você ‘empresta’ seu dinheiro para o Governo Federal. No CDB, você ‘empresta’ seu dinheiro para um banco. Ambos são investimentos de renda fixa, mas o Tesouro é considerado mais seguro por ter a garantia soberana do país.
Conclusão
O Tesouro Direto é a ferramenta mais democrática, segura e acessível para o investidor iniciante. Ele descomplica o ato de investir e oferece opções claras para cada tipo de objetivo financeiro, seja proteger seu dinheiro para uma emergência no curto prazo (Tesouro Selic) ou garantir seu futuro contra a inflação (Tesouro IPCA+).
Aviso: Este texto tem objetivos puramente informativos e educacionais e não representa uma recomendação de compra ou venda de qualquer ativo. A decisão de realizar ou não o investimento cabe exclusivamente ao investidor.