FIIs de Tijolo vs. Papel: Qual o Melhor? Entenda a Diferença Definitiva
Você aprendeu o que são Fundos Imobiliários (FIIs) e se animou para receber “aluguéis” mensais. Mas, ao abrir a lista de fundos na corretora, você se deparou com os termos “FIIs de Tijolo” e “FIIs de Papel”.
Essa é a primeira e mais importante divisão do universo dos FIIs.
Embora ambos paguem rendimentos, a forma como eles geram dinheiro (e os riscos que correm) é completamente diferente. Entender essa diferença é o segredo para montar uma carteira de renda passiva equilibrada.
O que são FIIs de Tijolo?
FIIs de Tijolo são a forma mais intuitiva de fundo imobiliário. Eles investem o dinheiro dos cotistas diretamente em imóveis físicos e reais.
O objetivo principal é ganhar dinheiro de duas formas:
- Com o aluguel: O fundo aluga os imóveis para grandes inquilinos (empresas, lojas, etc.) e distribui o valor para os cotistas.
- Com a valorização: O preço dos imóveis do fundo pode subir com o tempo, valorizando o patrimônio total do FII.
Eles são divididos por setores, como:
- Shoppings Centers: (Ex:
XPML11) Ganham com o aluguel das lojas. - Lajes Corporativas: (Ex:
HGRE11) Alugam andares de escritórios para empresas. - Galpões Logísticos: (Ex:
HGLG11) Alugam galpões para empresas de e-commerce e indústria. - Outros: Hospitais, Hotéis, Supermercados, Agências Bancárias, etc.
Vantagens e Riscos do “Tijolo”
- Vantagens: É um investimento tangível (você pode visitar o shopping do seu FII), e os aluguéis são reajustados pela inflação (IGP-M ou IPCA), protegendo seu poder de compra.
- Principais Riscos:
- Vacância: O inquilino sai e o imóvel fica vazio, sem gerar aluguel.
- Inadimplência: O inquilino fica no imóvel, mas atrasa ou não paga o aluguel.
- Custos: O imóvel pode precisar de uma reforma cara e inesperada.
O que são FIIs de Papel (ou Recebíveis)?
FIIs de Papel não investem em imóveis físicos. Em vez disso, eles investem em títulos de dívida do mercado imobiliário.
O principal ativo que eles compram são os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários).
Pense assim:
- Uma construtora vende 100 apartamentos na planta e vai receber esse dinheiro parcelado ao longo de 20 anos.
- A construtora não quer esperar 20 anos. Ela “empacota” essa dívida futura (esses “recebíveis”) em um título (o CRI) e o vende no mercado.
- O FII de Papel “compra” essa dívida com o seu dinheiro. Em troca, ele passa a receber os juros e a correção monetária que os compradores dos apartamentos pagam.
Vantagens e Riscos do “Papel”
- Vantagens: Geralmente pagam rendimentos mensais (dividendos) mais altos, pois seus ganhos são atrelados a taxas de juros (CDI) ou inflação (IPCA), que são historicamente elevadas no Brasil.
- Principais Riscos:
- Risco de Crédito: O risco principal é o calote. Os devedores (os compradores dos apartamentos, no nosso exemplo) podem não pagar a dívida.
- Risco do Indexador: Se seu fundo é atrelado ao CDI e a Taxa Selic cai muito, seus rendimentos caem. Se é atrelado ao IPCA e a inflação fica em 0%, seus rendimentos também caem.
Tabela Comparativa: Tijolo vs. Papel
Esta tabela resume a diferença fundamental entre os dois:
| Característica | FIIs de Tijolo | FIIs de Papel |
|---|---|---|
| Ativo Principal | Imóveis Físicos (Shoppings, Galpões…) | Títulos de Dívida (CRIs) |
| Fonte de Renda | Aluguel dos inquilinos | Juros e Correção das dívidas |
| Indexador Comum | IGP-M / IPCA (reajuste do aluguel) | CDI / IPCA (correção da dívida) |
| Principal Risco | Vacância / Inadimplência | Risco de Crédito (Calote) |
| O que afeta? | Economia real (shoppings cheios) | Taxa de juros e Inflação |
Qual é Melhor? Tijolo ou Papel?
Aqui está a resposta que talvez você não espere: nenhum é “melhor”. Eles são complementares.
- FIIs de Tijolo são sua base patrimonial. Eles protegem seu dinheiro em ativos reais e tendem a se valorizar no longo prazo.
- FIIs de Papel são seus “aceleradores” de renda. Eles costumam pagar rendimentos mensais mais “gordos”, turbinados pelos juros e inflação.
A estratégia mais inteligente para o investidor de longo prazo não é escolher um ou outro, mas sim diversificar e ter os dois na carteira.
Desse modo, quando a inflação e os juros estiverem altos, seus FIIs de Papel vão “performar” muito bem. Quando a economia real estiver aquecida, com shoppings cheios e aluguéis subindo, seus FIIs de Tijolo vão brilhar.
Quer saber como analisar os indicadores de cada um? [Em breve: nosso Guia de Como Analisar um FII (P/VP, DY e Vacância)]
FAQ: Dúvidas Comuns sobre Tijolo e Papel
Qual é mais arriscado, FII de Tijolo ou de Papel?
Os riscos são diferentes. O FII de Tijolo tem o risco da ‘economia real’, como a vacância (imóvel vazio) ou inadimplência (calote do aluguel). O FII de Papel tem o ‘risco de crédito’, que é o calote do devedor do título (CRI). Um bom FII de Papel dilui esse risco em centenas de devedores.
Qual paga mais dividendos, Tijolo ou Papel?
Geralmente, FIIs de Papel tendem a pagar dividendos maiores, pois seus ganhos são atrelados a taxas de juros (CDI) ou inflação (IPCA), que costumam ser altas no Brasil. FIIs de Tijolo têm seus ganhos atrelados a contratos de aluguel, que são reajustados anualmente.
Preciso escolher um ou posso ter os dois?
O ideal é ter os dois. A diversificação é a melhor estratégia. FIIs de Tijolo protegem seu patrimônio com imóveis físicos, enquanto FIIs de Papel costumam turbinar seus rendimentos mensais com juros e inflação.
Conclusão
Entender a diferença entre “Tijolo” e “Papel” é o primeiro passo para investir em FIIs com segurança. O “Tijolo” te dá a segurança do imóvel físico e o ganho com aluguéis. O “Papel” te dá a rentabilidade das taxas de juros e proteção contra a inflação.
Uma carteira equilibrada, com um pouco dos dois, é o caminho mais sólido para construir sua renda passiva mensal.
Aviso: Este texto tem objetivos puramente informativos e educacionais e não representa uma recomendação de compra ou venda de qualquer ativo. A decisão de realizar ou não o investimento cabe exclusivamente ao investidor.